terça-feira, 31 de março de 2009

Do something new!

Na música, inovar sempre foi visto como o aparecimento de uma musicalidade diferente de uma banda ou um movimento. Porém se cairmos nesse mesmo pensamento, nunca chegaremos à uma conclusão do que realmente seja inovação. Além disso, inovação também poderia ser vista por um lado ruim quando é feita de qualquer jeito. Não basta só inovar: tem que saber inovar. Falarei aqui sobre bandas que souberam inovar.


Começando com o apelo pop excêntrico e criativo do Red Hot Chili Peppers, a banda conseguiu se inovar a cada disco que se sucedia. Apesar de nunca perder o baixo poderoso de Flea e as rimas quase sempre "non-sense" de Anthony Kiedis, conseguiu gerar uma linha evolutiva extremamente expressiva na sua própria história. Às vezes fica até difícil acreditar que foi a mesma banda que conseguiu compor Falling Into Grace, Give It Away, Scar Tissue, Road Trippin' e Slow Cheetah. Até hoje eu aplaudo Aeroplane, Dosed e Charlie toda vez que as ouço.
O que me espanta no Red Hot Chili Peppers é facilidade que eles tem de serem pops - quem nunca ouviu Californication e Dani California? -, alternativos e misturados demais ao mesmo tempo. Isso sim é inovar com moral.



Mas falar de Red Hot Chili Peppers é babado demais. Se chegarmos mais nos tempos de hoje, podemos ver o Muse.

Resumindo, Muse é uma banda linda de doer. Misturando pitadas de música clássica com rock moderno, conseguiram chegar numa musicalidade quase perfeita sem puxar para a mesmice do metal, isso foi majestoso. Ouça Assassin, Invincible, Exo-Politics e Take A Bow pra ver - ou ouvir - do que eu estou falando. Isso sem passar é claro pelas mais pops, que não significam piores, como Supermassive Black Hole e Starlight. O feeling da banda é totalmente ótimo: ouça Matthew Bellamy cantando e me entenda.



Às vezes inovar pode ser apenas na idéia, assim como o AC/DC.
Ao contrário do que toda banda quer, em vez que querer mudar sua sonoridade, o AC/DC inovou com a idéia de continuar sempre com o mesmo rock de sempre. Pode se perceber isso quando se ouve qualquer música da banda: de cara você reconhece aquela bateria marcada e os riffs simples, ridículos - no bom sentido - e viciantes de Angus Young.
O problema disso é que as canções chegam a ser parecidas demais. Já ouvi pessoas se confundindo entre Highway To Hell e Shook Me All Night Long.
Saudar o Rock como em Let There Be Rock e For Those About To Rock We Salute You, por exemplo, é marca registrada deles.
E um fato curioso sobre eles é que trocaram de vocalista e não perderam a essência e a maioria dos fãs como a maior parte das bandas nas quais isso ocorreu. Conseguiram inovar até sem querer.

O Coldplay segue quase a mesma linha de pensamento do AC/DC e junto a isso uma sonoridade parecida apenas com o A-ha. Mesmo depois de tanto tempo conseguem fazer músicas tão parecidas na qualidade, métrica e beleza. Ouça Fix You e Violet Hill para comparar.


Houveram também movimentos que conseguiram inovar nem tanto pela musicalidade, mas pela ideologia. Foi o caso do grunge - com Nirvana, Alice In Chains, Soundgarden, Pearl Jam, Green River -, a terceira onda de Ska - com exemplos mais famosos Sublime e Less Than Jake - e o rap, com o poderoso Public Enemy, além de vários outros que não precisam nem de serem citados. Tais movimentos conseguiram quebrar vários tipos de "crenças musicais" de suas épocas e se perpetuam até hoje.

Por final, aqui vai uma pequena lista de bandas que considero inovadoras (sei que existem muito mais, porém são as que eu mais costumo ouvir): Days Of The New, Foo Fighters, Interpol, Jamiroquai, Mad Season, MGMT, Chico Science & Nação Zumbi, Ócio, Radiohead, Rage Against The Machine, Sonic Youth, Sublime, Stereophonics, The Flaming Lips, The Smashing Pumpkins, The Strokes, VAST e eu cansei de procurar na minha lista do Winamp.

É isso, até a próxima.

vin.il

Um comentário:

  1. Puxa, se eu parasse para comentar sobre todo o post, ficaria horas escrevendo. Mas bem, inovar realmente é um conceito muito subjetivo, ainda mais no âmbito da música. Alargando ainda mais essa linha de pensamento, fica difícil falar o que é inovar dentro da própria arte. E isso se acentuou ainda mais quando entramos na contemporaneidade. Para evitar polêmica e abordar de uma forma mais objetiva, prefiro usar o termo "releitura" no lugar de inovação. Bem, sobre Coldplay eu ouso dizer que não acho assim tão inovador. Por sinal, boa parte das bandas pop-rock britânicas de hoje vieram da escola U2. Coldplay tem muito disso. O legal de Muse é que, eles sim conseguiram fazer uma releitura inovadora. Nisso eu concordo plenamente. Bom texto!
    besos
    Nara

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